terça-feira, 15 de julho de 2008

Falando de música: Tia Velha



O Falando de Skate entrevistou a banda
Tia Velha de Araçatuba/SP. Conheça um pouco da banda que está na luta desde 1997 e há 4 anos corre os palcos com a atual formação. Para mais informações e contato acesse tiavelha.com.

FDS- Apresentem a banda... quem é quem e desde quando? Sou David, voz. Na guitarra Ricardo Storti, no contra-baixo Nelson Pedon, e na bateria temos o insano Marcos Nogaroto, poderia ser NAgarota, mas... Estamos com essa formação tem quase 4 anos.

FDS - A banda sempre teve uma atitude "faça você mesmo" desde o tempo que rolavam as festas no newton's (pizzaria de Araçatuba onde rolavam apresentações de bandas da região) e demais bares e festas da época.. a comunicação da banda com o público sempre foi um diferencial.. Como encaram isto?
Ricardo: Isso foi uma necessidade! Seria mais fácil se tivesse alguma estrutura pública por tras disso, fomentando a cena, inserindo rock em programações culturais, mas sempre foi complicado. Existe preconceito com o estilo daí ninguem apoia. Um amigo de alguem da banda sempre acabava dando uma mão pra sair alguma coisa em radio, ou notinha em jornal…mas é difícil. A comunicação precisa se adequar também né, não dá pra fazer cartazinho preto com caveira e escrever rock pigando sangue…é um erro é achar que o pessoal que gosta de ouvir rock aceita qualquer coisa nesse sentido… Mas tem o lado bom, né. Você aprende na marra a lidar com isso…com tentativas e erros…uma cagada q você faz aqui, já não repete na próxima…e vice-versa.

FDS- Sobre o som de vocês.. longe de procurar rótulos.. mas como vocês descrevem o som da banda para alguém que ainda não teve contato com vocês?
Ricardo: Rapaz…agora complicou…rs. Acho que basicamente podemo dizer que é um som cru, seco…cantado em português, com afinações mais alternativas, com pegada…


FDS - E o relacionamento com o skateboard... Como é? alguém da banda andou ou ainda dá uns rolês?
David: Eu ando até hoje, tenho meu carrinho, e sempre que posso estou dando um rolê, com menos frequência que antes, cheguei ser bem viciado nos rolês, street principalmente. Curto muito manobras em corrimão, acho que me dou melhor, acompanho a cena de leve. O Marcão chegou andar de skate durante um tempo, mas ele percebeu que não era pra ele isso.. rs.. O Ricardo acho que subiu e desceu apenas. Mas a banda curte, eu particularmente acho um esporte muito atitude.

FDS - O que acha que rola de similaridade entre a atitude da banda com o skate?
David: Bom, dentro da questão atitude, acho que rola muita coisa. Por exemplo, temos uma puta vontade de tocar em algum campeonato de skate, em cima de uma "spider" por exemplo.. rs... Realmente, gostariamos mesmo! Eu pelo menos adoraria dar um role escutando um som ao vivo na hora, um Rage Against The Machine por exemplo. Mas poxa, atitude do rock e do skate são similares, muito bom! Ricardo: Acho que dá pra fazer um paralelo com essa coisa de correr atrás dos espaços…de ter que se adequar pra andar em lugares que não são propícios e tocar em lugares horríveis com o mesmo tesão. Se você não gosta muito, não tem atitude, personalidade…vocie pára no primeiro tombo.

FDS - O relacionamento de vocês com a cidade natal da banda.. como rola? A região trata bem as "pratas da casa"?
Ricardo: Do ponto de vista de iniciativas públicas e culturais, é uma merda…não só pra gente, mas pra cena em geral. Falta espaço bom, com som de qualidade. Do ponto de vista da galera, sempre tem uma turma que acompanha, gosta, conhece os sons…isso é legal pra cacete..

FDS - Vocês lançaram recentemente um novo site.. Como rola a divulgação na web?
Ricardo: Putz…é algo necessário hj em dia. É o nosso canal mais barato e eficiente. São infinitas possibilidades, já q hoje o acesso a web é muito grande. É interessante também um trabalho de mailing, pois fica bem fácil informar sobre show, novidades.
FDS - As facilidades oferecidas pelo my space, orkut e afins facilitam muito, mas em contra-partida, tem a eterna briga entre majors e a pirataria.. como a banda encara este cenário?
Ricardo: É..aí cada situação deve doer em seus respectivos calos..rs. No nosso caso, como banda independente não temos muito a fazer a não ser espalhar ao máximo nosso som, de maneira gratuita…Quanto mais ouvirem, melhor! Quanto mais piratearem nosso som, “mais melhor”!! rs.. Esse lance de grandes gravadoras é foda, porque a grosso modo, a equação é muito simples: Pegam uma banda com um potencial “comercial” a ser explorado, paga jabá pras radios tocarem, investe uma puta grana nesse sentido, e isso tem que retornar em forma de vendas de cds. Mas é foda, o custo em grande escala pra um cd com encarte e tudo é bem barato, algo em torno de R$ 5…a material prima é barata…e isso chega pra gente na loja a R$ 30, R$ 35 conto! E o pior é que quase nada vai pro artista. O ciclo basicamente é esse. Por isso que a pirataria fode! Mas nao fode o artista, fode com a gravadora! E fode com o mercado independente, porque pra cara 1 banda comercialmente interessante, tem umas 500 com conteúdo muito bom mas sem acesso a esse grande mercado. E nisso entra a importância das vias alternativas de divulgação: internet e festivais independentes. Pode ter certeza que as coisas mais genuínas sendo feitas na música atualmente estarão de fato nesses veículos.

FDS - O palco é a casa da banda? O que os motiva a subir ao palco?
Ricardo: Ahh…palco é palco…Sem dúvida é onde realmente a gente se encontra. Em qualquer lugar, com estrutura ou tosco…o lance é fazer o som. O ambiente de trabalho de uma banda de rock é muito estimulante…contatos, amizades, backstage, festivais, passagens de som, shows…é foda, cada show é um puta estímulo

FDS - E o trabalho de vocês? Depois de algum tempo tocando covers agora vem o trabalho preoprio com o lançamento do EP... como foi este caminho
Ricardo: Bastante natural, acho que não tinha muito pra onde ir. Na verdade nos colocamos essa meta, porque é um desafio, né…produzir material autoral.

FDS - Como rola o processo de composição e qual o foco das letras?
Ricardo: Basicamente a gente sempre registra algumas idéias de melodias em casa mesmo, plugando no micro direto, experimento alguns riffs…penso como soaria em conjunto. O Nelsão também produz na casa dele, faz linhas de baixo, ou grava alguma melodia com violão…Trocamos essas informações, e vamos acrescentando em conjunto, depois vem a batera, conversamos com o Marcão e pensamos nas partes dele…Mas é um processo bem em conjunto. É bom porque experimentando assim, a gente tem possibilidade de tirar excessos, fazer soar a música, e não o instrumento em si. Com as bases prontas, o David corre pro papel..rs.
David: O processo de composicão é relativo, por exemplo, teve som que saiu de letra que eu já tinha, mas no geral, como estamos com essa primeira EP, estamos descobrindo novos modos para criar, tudo é valido, qualquer anotação ou idéia vale a pena testar, mas no geral mesmo, junta-se guitarra e baixo, e vamos testando junto com voz, algo sem compromisso, até lapidar algo que valha a pena.

FDS - E como tem sido a receptividade do trabalho?
Ricardo: Muito boa!…conseguimos entrar em alguns festivais importantes como o Grito Rock, a Virada Cultural Paulista e alguns outros menores pelo estado. A partir de julho, fomos convidados pelo SESC a se apresentar no circuito que eles cobrem…A responsa vai aumentando e isso é bom.

FDS - E para onde vai a Tia Velha?
Ricardo: Agora basicamente é tocar ao vivo, viajar pra onde der pra tocar…e compor novas coisas. Conhecemos uma galera na estrada e rolaram alguns contatos bons com produtoras e tals. Então o trabalho só aumenta, né!


FDS
- Uma mensagem final aos leitores do falando de skate...
David: Pra quem anda de skate, que continue na cena se possivel, é um esporte que hoje em dia está menos discriminado, quando comecei existia ainda preconceito, até por parte de meus pais, geralmente a galera é mais atitude, portanto, choca! Simplesmente, muito rock pro pessoal, e que continuem ou comecem a arte do skate, realmente nao é pra qualquer um. Ricardo: Usem joelheiras!!! Já fiquei mancando 3 dias por conta disso!

Assista aqui o clip Novos Ares:






Assista aqui o vídeo do David usando o palco de outra forma: